Você sabe identificar a diferença entre gripe e resfriado?

Direto ao ponto: mesmo possuindo sintomas parecidos, e alguns iguais, o resfriado é mais leve. Se o nariz está escorrendo, a cabeça está pesada e o corpo dói, mas você consegue realizar as suas tarefas diárias normalmente, é resfriado.
Agora, se os sintomas são aqueles que derrubam, que não permitem com que você faça atividades simples e você só consegue ficar deitado, na cama, é gripe.
O maior problema da confusão geral que se faz entre essas duas doenças infecciosas, e também com a rinite alérgica, é que na grande maioria das vezes que se confundem, todo mundo acaba por minimizar o tratamento da gripe - que é muito mais séria do que o resfriado.
Inclusive, quando afeta idosos, crianças e pessoas com alguma deficiência imunológica, pode evoluir para um quadro clínico muito mais sério e, até mesmo, a morte.
O Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Dr. João Silva de Mendonça, explica as nuances específicas da gripe e a sua gravidade:
O vírus da gripe não se manifesta apenas na rinofaringe, mas em toda a árvore respiratória, ou seja, na traqueia, brônquios e eventualmente nos pulmões. Portanto, trata-se de uma doença de maior extensão e intensidade, sobretudo para as pessoas debilitadas. A gripe pode causar complicações graves e, eventualmente, morte, o que não ocorre nos casos de resfriados e rinite alérgica.
O médico também explica que os casos de gripe sempre vem acompanhado de febre alta, ela permanece por vários dias e compromete significadamente todas as atividades corriqueiras da pessoa.
Vale lembrar, ainda, que não existe apenas um tipo de vírus que causa a gripe, mas variáveis, e não temos imunidade contra todos eles - vamos adquirindo conforme contato durante a vida. É exatamente por isso que crianças e idosos são mais sensíveis:
Os vírus que causam a gripe têm um nome específico. São chamados de vírus influenza. Há até uma história interessante a respeito desse nome. A gripe é uma doença com a qual a humanidade convive há milênios. Em tempos muito antigos, não se conhecia a causa da doença, mas na Itália se percebeu que havia uma relação clara entre os episódios que chamamos hoje de gripe em situação epidêmica e a época do frio. A cada inverno se repetiam verdadeiras epidemias da doença. Os italianos diziam que isso era influenza di freddo, isto é, influência do frio. Dessa expressão derivou influenza, o nome dado ao vírus da gripe. Nos países de língua inglesa, ele se reduziu a flu, apenas.
Os vírus da influenza se caracterizam por estar em permanente mutação ou por sofrerem um fenômeno que tecnicamente chamamos de recombinação genética. Quando ocorre mutação, surge um vírus primo do anterior e nós temos alguma defesa contra o novo porque conhecemos o mais antigo.
Nos casos de recombinação genética, aparece um vírus totalmente novo, contra o qual não temos defesa nenhuma e que pode causar uma pandemia, ou seja, uma epidemia de gripe, às vezes muito grave, que pode espalhar-se por toda a humanidade.
É também verdade que já houve na histórias pandemias de gripe que mataram milhares de pessoas como, por exemplo, a gripe espanhola entre 1918 e 1919. E, infelizmente, não estamos livres que elas voltem a acontecer com todo seu potencial mortífero.
Por fim, é importante lembrar que o principal disseminador da gripe não é o frio, mas, sim, a situação de aglomeração em lugares fechados que aumentam as chances de contaminação - especialmente com idosos e crianças.
Portanto, a dica é clara: evitar lugares fechados e cheios em períodos de maior propagação do vírus e, para o tratamento, NADA é mais eficiente do que repouso e hidratação.
Previna-se.