Depressão pós-parto: o que você precisa saber?

A depressão é o tipo de doença que, na medicina, denominamos multifatorial: é muito difícil, raro, ser desencadeada por um único fator. Na esmagadora maioria das vezes é uma série de fatores atrelados e também assim o é num dos meandros desta doença - a depressão pós parto.
Muitas e muitas mulheres são atingidas por uma tristeza sem motivo aparente depois de darem a luz. Tudo vai bem, o parto foi sucesso, o pai está feliz, o bebê saudável, os avós contentes, mas, ainda assim, uma tristeza profunda invade e preenche a vida da nova mãe que parece não conseguir nem praticar tarefas simples.
Isso acontece porque o pós parto é um período de deficiência hormonal. Até ali, no momento de dar a luz, o corpo estava produzindo uma quantidade absurda de hormônios para manter mãe e bebê saudáveis e, de repente, as taxas tanto de estrógeno quanto de progesterona, caem abruptamente. Essa é uma tristeza quase fisiológica, porque acontece com cerca de 80% das mulheres que ganham bebê. E não se trata de depressão pós parto. Essa tristeza aparece mais ou menos três dias após o parto
e desaparece, sozinha, até uns vinte dias depois.
Antigamente essas coisas “não existiam”. Se a tristeza passasse, ótimo, senão (o que hoje sabemos ser característica principal de depressão pós parto), “ótimo” também. Ou a mulher aprendia a conviver com aquilo, ou estava fadada a sofrer.
Não mais. Os estudos que procuram compreender as principais origens que podem desencadear a depressão pós parto e, principalmente, tratá-la, ganham cada vez mais força e o mais importante: dando às mulheres o apoio que elas precisam.
Do ponto de vista da endocrinologia, a investigação das taxas e desempenho hormonais é crucial. É por isso que eu procuro sempre ver os estudos realizados nesta área. Por exemplo, o jornal britânico Daily Mail divulgou o resultado de uma pesquisa realizada com 74 mulheres, no qual foi observado os níveis do hormônio ocitocina, produzido durante a relação sexual, parto e amamentação. As mulheres responderam um questionário sobre como se sentiam no terceiro trimestre da gestação e, depois, novamente, na noite seguinte ao parto.
Conclusão: as mulheres com pouca ocitocina sentiam-se desanimadas e mais tristes em relação às que produziam mais o hormônio.
Você sabe, porque eu sempre falo aqui no blog: hormônio é vida. Pessoas com taxas hormonais equilibradas têm uma vida muito mais saudável e harmoniosa. Não é palpite. É observação do que vejo há muitos anos aqui no consultório e na literatura médica.
É por isso que, antes de qualquer outra medida, inclusive na psiquiatria, investigar taxas hormonais é papel central do médico.
De qualquer maneira, como disse no início do texto, a depressão pós parto é multifatorial. Pode envolver questões de depressão na família, falta de apoio, gravidez indesejada. Um monte de outras coisas.
O principal é ajudar a mulher que, muitas vezes, vai deixando a tristeza, fingindo que ela não está ali, aprofundando o problema. O marido não sabe lidar, o pediatra do bebê finge que não percebeu, os parentes dizem que “é normal” e ali a coisa vai ganhando força e prejudicando a mamãe e o bebê.
Depressão é coisa séria. É doença. Não se resolve apenas com “você precisa ajudar a si mesma” ou “levar para passear”. Resolve com nutrição, reposição hormonal, terapia e remédio, quando necessário. Não brinque com isso.
E conte comigo no que eu puder ajudar.
Até breve.
Fonte:
https://drauziovarella.uol.com.br/mulher-2/depressao-pos-parto-3/

Dr. Mário Lhano - Endocrinologista e Metabologista CRM 101515, atende há mais de 10 anos e é especialista em dieta vegetariana.
Instagram: @dr.mariolhano
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