Nem toda dor de cabeça é enxaqueca: conheça as condições gerais deste problema, e a solução!

Anamnese. É este o nome técnico, na medicina, para aquelas perguntas que o médico faz a você na primeira consulta: “tem alguém na família com hipertensão ou diabetes?”; “fuma?’;”pratica alguma atividade física?”;”já fez alguma cirurgia?”; “toma algum medicamento regularmente”?. E por aí vai.
É justamente este procedimento médico que identifica, na grande maioria das vezes, um caso de enxaqueca autêntica. Autêntica porque existem outros tipos de enxaqueca, as chamadas “sintomáticas”, ou seja, as que aparecem como sintoma de outro problema de saúde como tumores cerebrais, doenças cardiovasculares, afecções da coluna vertical, certas doenças renais, etc. Ao todo, são mais de duzentos possíveis desencadeadores que geram dor de cabeça. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaleia, cerca de 10% de todas as queixas atendidas em todas as Unidades Básicas de Saúde do país são referentes a dor de cabeça, de modo geral.
Quando se trata de enxaqueca mesmo, a que chamaremos assim de autêntica ou clássica, significa dizer sobre um tipo específico de cefaleia, denominada na medicina por paroxística, que é aquela dor recorrente de cabeça, intensa e que não está atribuída a outra condição física ou problema de saúde.
Nota: existem alguns tipos mais raros de enxaqueca como a menstrual, climatéria (relacionada à mudança de clima) e basilar (um tipo de enxaqueca que é possível visualizar alterações na face e artérias). Estes tipos não são frequentes e possuem condições muitos específicas, portanto, trataremos depois. Falamos aqui da enxaqueca clássica, ou seja, a mais comum.
O mais comum é a dor ser localizada na região fronco-temporal. É aquela parte da cabeça acima dos olhos, na curva entre a face e a cabeça. É aí que a dor parece “latejar”, sabe? Isso, na medicina, é chamada de dor latejante pulsátil, que piora quando abaixa a cabeça.
A enxaqueca tem caráter hereditário, sendo, por isso, um dos primeiros motivos investigados pelos médicos quando vão tratar queixas frequentes de cefaleia.
Há, ainda, uma porção de estudos relacionando a enxaqueca como motivo gerador de outras doenças como a depressão, por exemplo:
“A relação entre dor crônica e depressão é bastante frequente, pois a dor intensa e constante acaba despertando transtornos físicos e mentais que condicionam o paciente a um estado depressivo.
Em pacientes com enxaqueca crônica, a prevalência de depressão pode ser até quatro vezes maior do que na população geral, somando-se também aos sintomas de ansiedade.
‘A depressão e a ansiedade precisam ser tratadas juntamente com a enxaqueca, uma vez que o paciente depressivo não tem disposição para aderir ao tratamento proposto e perde a capacidade de acreditar nos efeitos positivos do que lhe foi indicado, dificultando o processo e os resultados’”. Fonte 3
Atualmente, é muito mais simples e rápido compreender um diagnóstico de enxaqueca e tratá-lo a tempo em relação a décadas atrás, até mesmo por conta da dificuldade de uma conceituação satisfatória a respeito deste tipo de cefaleia, autêntica, sem relação direta com outras doenças. Foram necessários anos e mais anos até que a medicina conseguisse conceituar e desenvolver pesquisas de sintomatologia (investigação dos sintomas); patogenia (caracterização como doença e geradora de outras); prognóstico (tratamento) e terapêutica (tratamento psicológico e preventivo).
Há, inclusive, uma nova ramificação na investigação dos problemas relacionados à enxaqueca que trata a respeito do caso desta patologia em crianças. Isso se deu porque os pesquisadores, desde a década de 60, sabiam que o problema era mais difícil aparecer ou cessava com maior frequência em pessoas com mais de 40 anos.
Tem-se notado que vários sintomas aparecem mais em crianças que têm enxaqueca comparadas àquelas que não têm, como, por exemplo, distúrbio de sono, dor abdominal recorrente, cinetose (sintoma casual, como enjoo quando viaja de navio, por exemplo), hiperatividade, dores do crescimento e outras.
Nem toda dor de cabeça é enxaqueca. Isto posto, muito diagnóstico errado pode deixar de ocorrer e outros sintomas podem ser investigados, além de que a enxaqueca clássica é perfeitamente tratável. Há muita gente sofrendo de enxaqueca com medições possíveis e muito acessíveis. Lembrando que automedicação é ainda mais perigoso nesse caso, porque há alguns substâncias presentes em analgésicos comuns que agravam a enxaqueca.
Antes de qualquer ação, consulte um neurologista! Enxaqueca é um mal que pode ser controlado, sem deixar para depois.
Fonte:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0004-282X1962000300003
http://www.scielo.br/pdf/anp/v45n4/03.pdf
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