Comer bem custa caro: será mesmo?

“Você sabe que para manter uma dieta saudável é caro”.
Com certeza você já ouviu coisa parecida. Esta é uma daquelas ideias prontas, os famosos jargões, que permeiam o imaginário e o vocabulário do brasileiro, mas que nunca, ou muito pouco, foi refletido devidamente.
Com dados de obesidade e sobrepeso crescendo sem parar em todo o mundo -aqui no Brasil, por exemplo, 18% da população adulta das capitais brasileiras é obesa, isso significa um aumento de 60% em relação a mesma pesquisa realizada em 2006 e o estudo mais recente indicou que 54% da população está acima do peso - parece que essas ideias ganham ainda mais força.
Tendo isto em vista, é comum não apenas pessoas que estão com sobrepeso, mas como o senso comum geral, acreditar que emagrecer é difícil porque é caro.
Vejamos se isto é mesmo assim: fazendo uma rápida e breve comparação com uma geração passada, sabemos que ela não sofria de índices tão altos de sobrepeso como atualmente. E por quê? Existia em 1960 produtos de linha light, diet ou fitness? Não, é claro que não.
Então qual a diferença substancial?
Resposta: o acesso a alimentos industrializados ricos em sódio, carboidratos, açúcares, conservantes e todo tipo de substâncias que engordam e fazem algum mal a saúde.
E a geração passada comia farinha de amêndoa, camarões importados, açúcar especial, blue-berries, leite sem gordura, etc? Não, não comia. O que eles comiam é o que nós podemos tranquilamente comer, sem gastar: comida de verdade.
Legumes simples: cenoura, chuchu, abobrinha, beterraba, abóbora. Hortaliças: alface, rúcula, agrião; frutas: limão, banana, manga, acerola, abacate e carnes: carne de porco, músculo, acém.
Comida, comida simples, comida de panela. Comida que estraga rápido se você não consumir e não conversar porque ela não passa por intermináveis etapas de processamento industrial. Comida que você compra na feira da rua e no açougue mais
perto da sua casa.
Não dá simplesmente para usar o alto custo de produtos fitness para adiar sempre a aquisição de bons hábitos alimentares porque “é caro”, porque “para mim não dá” ou porque “não sei cozinhar”. Na verdade, dá. Como sempre deu. Historicamente falando, a era dos alimentos industrializados é extremamente recente e já dá sinais claros dos problemas que acarretam à população a médio e longo prazo.
Por que comprar pão industrializado se dá para fazer em casa ou comprar fresco na padaria? Por que investir em enlatados se dá para comprar os legumes, cozinhar e comê-los fresquinhos?
Hábito. A reprodução constante de uma atividade que cria padrões. Hábito de cozinhar. Hábito de se preocupar com uma alimentação natural e saudável.
Costumam dizer que somos a geração do futuro, que muito somos superiores ao passado pela evolução tecnológica e pelo acesso ao conhecimento. Mas, infelizmente, deixamos também de lado muito conhecimento bom e hábitos do passado melhores que os nossos.
Lembre-se que sempre há tempo para mudar e que não existe desculpa para quem quer mesmo adquirir uma alimentação saudável.
Ninguém precisa ir muito longe para concluir que alimentação é decisiva não apenas para saúde física, mas emocional e psicológica e também para disposição. Se as nossas gerações anteriores conseguiam trabalhar de sol a sol, resistir a intempéries, viver com o mínimo possível e sem reclamar, como é que nós estamos vivendo? Numa geração que cada vez mais não sabe para onde vai e desconhece os motivos de tanta insatisfação.
Talvez seja porque deixamos de nos preocupar com as coisas mínimas e simples, diárias, e que realmente fazem a nossa história e constroem a nossa biografia.
Não espere a segunda-feira. Não dê mais desculpas para você mesmo. Comece hoje.
Conte conosco e não se esqueça de nos contar depois como foi.